Readaptando

Durante um relacionamento longo e sério como um casamento, a gente muda a maneira como vive diariamente, sem perceber.

Não vi as mudanças acontecerem, não percebi as necessidades e costumes que criei com o meu ex.

Fazem três meses que saí de casa, porém estava dividindo o quarto com um amiga de faculdade até alguns dias atrás. Jamais imaginei que ter o meu quarto fosse me tirar o sono.

Depois de mais de seis anos dormindo e acordando com companhia, sem televisão no quarto e com a rotina da manhã já automática, descobri que não sei mais dormir sozinha.

São quatro da manhã, estou exausta, mas deito na cama e rolo para os lados procurando conforto. Não encontro.

Ligo algo no Netflix que acho desinteressante, acabou assistindo aquele documentário chatérrimo e ruim pra dedéu inteiro. Tento trabalhar na minha tese pra não desperdiçar tempo, o foco se recusa a sentar e acompanhar essa insônia.

Dormir sempre foi um dos meus passatempos favoritos, gosto de enrolar na cama, ficar afofadinha e quentinha, mas essa semana me ensinou que, de agora em diante, esta será a parte mais temida do meu dia.

A readaptação após o divórcio dói. Principalmente quando percebemos o quão essenciais são os pequenos gestos diários quando vivemos um grande amor.

Enquanto encaro o teto do meu novo quarto, repito pra mim mesma que vai passar. Eu sei que vai.

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