Minha querida deficiência

Faz um ano e alguns meses que fui formalmente diagnosticada com algumas deficiências, e desde então tive a realização de que sofri em silêncio por anos, busquei por ajuda por mais anos e levou tempo e evolução das minhas doenças para que eu conseguisse um diagnóstico certeiro.

Ainda estou no processo de identificar todas as nuances possíveis das minhas doenças psicológicas, e parece que é uma escalada que nunca vou terminar, mas sei que a realidade é diferente dos meus sentimentos e continuo lutando para que eu consiga um tratamento que vai me ajudar para o resto da vida.

Ser diagnosticada com doenças que me limitam tanto depois dos trinta anos, e realizar que meus sonhos, expectativas e ambições foram alimentados baseados na percepção de que eu podia fazer tudo, e que eu não tinha limites emocionais, físicos ou pessoais foi um baque.
Minha ambição não desapareceu no momento em que fui diagnosticada, mas as ordens dos médicos me deram limites que quando eu não sigo, simplesmente fico de cama por dias e até semanas.

Então a maior dificuldade tem sido ajustar as minhas expectativas com a minha realidade. A coisa mais maluca é que eu já vinha tendo experiência com muitos dos limites que tenho hoje, porém todos a minha volta me diziam que eu era “muito chorona” ou muito “nervosinha”.

Hoje sei que essas manifestações são sinais que me avisam quando estou passando dos meus limites, ou quando um gatilho do meu trauma aparece. Na minha longa lista de diagnósticos, hoje vivo com fibromialgia, stress pós traumático complexo, ansiedade generalizada e depressão crônica. É engraçado ouvir dos outros que “não pareço ter nada disso”ou que “vai melhorar logo!” – A fibromialgia e o SPT-C são doenças que posso “controlar”, mas que nunca vão de fato sumir, ou seja, preciso aceitar a permanência delas na minha vida. E é com isso que vivo brigando internamente, achei que se voltasse a escrever, talvez conseguisse passar por isso e ao mesmo tempo ajudar outras pessoas que também estão lutando para que a deficiência não as defina, mas que a vida seja leve depois do(s) diagnóstico(s).