Invisível

Ficar invisível é considerado um poder no mundo dos super heróis. Pra mim, ser invisível é o pesadelo que vivi nos últimos anos.

Não existe nada mais doloroso do que tentar ser enxergada e interagir com alguém que se vê frequentemente, que é parte da sua família ou círculo de amigos e ser completamente ignorada. É a maneira mais dolorida de dizer não para alguém.

O problema de se tornar invisível para uma – ou um grupo de pessoas- e aceitar que esse é o melhor relacionamento possível que alcançará, é que a gente se acostuma. Acaba aceitando ficar de lado, varre as nossas prioridades pra baixo do tapete e toda vez que nos sentimos invisíveis a nossa auto-estima diminui um pouco.

O relacionamento com essas pessoas foi uma via de uma mão, onde eu fiz de tudo pra que funcionasse e que algum tipo de amizade, mesmo que rasa, crescesse. Dei tudo de mim enquanto pude, e conforme os anos passaram o pouco de energia que sobrou usei para me manter viva, mas chegou um momento que parei de fazer por essas pessoas.

Fiquei ali, imóvel, geralmente em silêncio. Me sentindo pequena e sozinha.

 

Esse foi o meu erro, não lutei, fiquei acostumada com essa situação horrorosa. Não saí desse ciclo, nem tive energia pra agir. Só me abri com poucas pessoas, que obviamente me disseram pra “ignorar gente assim”.

Não consegui ignorar, então engoli seco anos à fio, até que um dia, fui empurrada pra fora da minha zona de conforto. E quando enxerguei a bolha que estava presa, não gostei do futuro que vi pra mim.

E esse foi o dia que removi a minha capa de invisibilidade. Quem sabe consiga olhar pra esse super poder com bons olhos, hoje não.
aufasshole

 

O poder de um abraço

hug

Há alguns meses me entreguei à meditação plenamente, e entendi o poder que a minha mente tem sobre meu corpo e meus relacionamentos com os outros.

Desde então, consegui melhorar a qualidade da minha vida em geral. Mudei de pimentinha estourada para uma pessoa mais calma e centrada.

Mas existem algumas coisas que a meditação não conseguiu substituir pra mim or me ajudar tanto quanto, uma delas é o abraço.

Quando a tristeza bate forte, o chão some e parece que estou em queda livre num buraco negro, só um abraço ajuda. O abraço liberta e ao mesmo tempo acolhe, protege.

Um bom abraço demorado tem o mesmo efeito de uma bela meditação, faz os músculos do corpo relaxarem e a alma fica mais leve.

d2611410-c1d0-0132-4596-0ebc4eccb42f

Ultimamente minha meditação tem sido composta de abraços dados por novos amigos que fiz fora do Brasil.
Se não fosse por eles, ainda estaria caindo pelo buraco negro que se abriu abaixo de mim há alguns dias.

A Perda

Casamento Ancelmo e Mara (1) copy

Na noite de hoje, meu avô materno partiu.

Depois de anos de sofrimento, sem conseguir respirar, necessitando de ajuda de balões de oxigênio e internações constantes, ele descansou.

Há menos de uma semana, tive oportunidade de falar com ele e vê-lo por Skype. Dentre tantas coisas ditas e ouvidas, a que vai ficar pra sempre comigo, foi quando meu avô disse que tudo o que ele queria era poder me dar um abraço. E então meu coração se partiu.

É estranho receber a notícia da morte de alguém estando do outro lado do oceano, não parece real, parece um pesadelo.

É difícil confortar os que ficaram por mensagens de texto, ou ligações em vídeo. Nessas horas só um abraço ou um toque cheio de amor servem pra consolar. Mais uma vez meu coração se parte.

Vou lembrar com muito amor e carinho dos almoços que cozinhou pra mim, das tardes assistindo Chaves na televisão e rindo juntos, das vezes que nos falamos por Skype e o senhor fez questão de mandar beijinhos pra câmera e me fazer rir, da última vez que vi o senhor pessoalmente e sentei no sofá da sua sala pra falar sobre o meu casamento.

No meu coração só existe gratidão, nesse momento rezo para que sua alma siga seu caminho em paz. Nos encontraremos de novo, te amo minha Luz.

Impermanent alas are formations,
subject to rise and fall.
Having arisen, they cease;
their subsiding is bliss.

A minha invisível frequência afetiva

invisivel frequencia afetiva.png

Alguns meses atrás, minha melhor amiga de infância enviou um link sobre frequência afetiva, nesse texto o cara aborda a frequência afetiva e como se relaciona com diferentes amigos.

Foi em Janeiro desse ano que a Mari e eu tivemos uma conversa sobre isso, e principalmente sobre como nos relacionamos durante toda a nossa vida – Somos amigas desde os 10 anos de idade.

Nessa semana, reparei que uma amiga tinha me deletado do Facebook. Achei que tivesse sido um engano, então mandei uma mensagem pra ela falando “eita, não sei oq houve mas não somos mais amigas aqui“. Ela respondeu explicando que usou um aplicativo, pra remover todos os amigos que não tinham interagido com ela há x meses.

Fiquei magoada, pois considerava que tínhamos uma amizade sólida, mas depois de uma conversa sincera percebi que meu problema com amizades não está na frequência afetiva. A minha frequência é grande, porém invisível.

Penso na pessoa, desejo o bem, vou lá leio o que ela posta, fico feliz por ela quando tudo está bem e geralmente sou o tipo de amiga que corre pra ajudar quando um amigo está passando por uma barra ou precisa de uma força.

Não sou de ficar em chats papeando sobre nada, não estou em mil grupos do whatsapp e os que faço parte, não sou muito ativa. Eu não sei muito bem o que dizer, sobre o que falar… Não sou boa pra praticar conversa fiada sem propósito, não sei fazer presença que não faz diferença, só pra marcar território.

Sinto um carinho e amor enorme por tantas pessoas, mas não sei como ser cem por cento visível o tempo todo.

Coloquei problema em itálico lá em cima, pois não pretendo mudar. Gosto de ser completamente presente sempre que entro em contato com alguém, não dá pra fazer isso quinze vezes por dia com 70 pessoas, prefiro passar tempo de qualidade do que quantidade com quem amo.

Quando estou visível, estou cem porcento presente. <3